Lima Barreto é um dos escritores mais importantes da literatura brasileira, e sua obra é fundamental para refletirmos sobre o significado do 13 de maio. Filho de pais negros e nascido em 1881, ele cresceu em um Brasil recém-saído da escravidão, mas ainda profundamente marcado pelo racismo e pela exclusão social.
A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888, aboliu oficialmente a escravidão, mas não garantiu nenhum direito ou reparação às pessoas negras libertas. Lima Barreto foi uma das vozes mais contundentes ao denunciar essa falsa abolição. Por meio de sua literatura, mostrou como o preconceito e a desigualdade continuaram estruturando a sociedade brasileira.
Infância

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu no Rio de Janeiro em 13 de maio de 1881, sete anos antes da abolição da escravatura. Filho de pais negros e pobres, enfrentou o preconceito racial desde cedo. Criado com esforço pelo pai após a morte precoce da mãe, estudou no Colégio Pedro II e ingressou na Escola Politécnica. Teve que abandonar os estudos para sustentar a família após o adoecimento do pai.
Rejeição na vida
Apesar de sua importância literária, Lima Barreto enfrentou rejeição da elite intelectual da época, sendo recusado três vezes na Academia Brasileira de Letras. Morreu em 1922, pobre e ignorado, mas sua obra foi redescoberta e hoje é celebrada como um marco da literatura brasileira.
Um olhar crítico sobre a abolição
Em uma crônica de 1911, Lima Barreto relembrou sua infância e o momento da assinatura da Lei Áurea. Com apenas sete anos, ele presenciou a liberdade dos escravizados, mas também percebeu que a abolição não significou igualdade real para os negros no Brasil.
(…) Agora mesmo estou a lembrar-me que, em 1888, dias antes da data áurea, meu pai chegou em casa e disse-me: a lei da abolição vai passar no dia de teus anos. E de fato passou; e nós fomos esperar a assinatura no largo do Paço. (…)
(…) Era bom-saber se a alegria que trouxe à cidade a lei da abolição foi geral pelo país. Havia de ser, porque já tinha entrado na consciência de todos a injustiça originária da escravidão (…)
(…) Mas como ainda estamos longe de ser livres! Como ainda nos enleamos nas teias dos preceitos, das regras e das leis!
Crônica ‘Maio’, Feiras e mafuás, 4-5-1911
Literatura como resistência

Lima usou a escrita para denunciar o racismo, a desigualdade e a hipocrisia da sociedade brasileira. Seus livros, como Triste Fim de Policarpo Quaresma, expõem com ironia as injustiças da época — muitas ainda atuais.
Lima Barreto deixou um legado de crítica social, valorização da cultura popular e combate ao racismo. Foi pioneiro ao representar os negros e os marginalizados na literatura brasileira, usando a escrita como forma de resistência. Sua obra continua atual e essencial para refletir sobre as desigualdades do Brasil.
DACOR Indica

Para conhecer melhor sua trajetória marcada por luta, genialidade e resistência, indicamos a biografia Lima Barreto: Triste Visionário, escrita por Lilia Moritz Schwarcz. Além disso, indicamos duas principais obras escritas por Lima Barreto: ‘’Triste Fim de Policarpo Quaresma’’ e ‘’Clara dos Anjos’’.