Racismo e esporte no Brasil: a (hiper)tolerância do esporte ao racismo e seus porquês

Embora a recorrência de casos de violência racial em estádios, pistas, quadras e piscinas inspire preocupações e debates diversos, o regime discursivo que informa a consciência pública e orienta as políticas de combate ao racismo não toca as raízes sistêmicas do problema. Em busca de reflexões sobre essa questão, o DACOR promove o curso Racismo e esporte no Brasil: a (hiper)tolerância do esporte ao racismo e seus porquês, que acontece no dia 19 de abril (quarta-feira), às 19h.
De acordo com Fanon, o melhor prognóstico pertence sempre àqueles que estarão dispostos a sacudir as raízes contaminadas do edifício, cientes de que “só é possível uma verdadeira desalienação na medida em que as coisas, no sentido mais materialista do termo, ocuparem os seus devidos lugares”.  Podemos dizer, em outras palavras, que, em uma sociedade atravessada pelo subdesenvolvimento, o esporte não deveria se reduzir a mera distração burguesa, mas, conforme segue argumentando Fanon “ser uma plataforma capaz de permitir com que os condenados da Terra percebam a todo instante o que se passa ao seu redor”.
Nesse sentido, uma análise do racismo no esporte que não vá à sociegênese do problema, restringe-se aos seus sintomas e à higienização das formas mais visíveis de violência. Isto posto, o objetivo desse curso é percorrer campos ainda não explorados, mas que fazem do esporte contemporâneo um fenômeno (hiper)tolerante à violência racial, ao passo que ele deveria ser uma técnica para sensibilizar a sociedade contra as opressões.
Para isso, o curso vai explorar os seguintes tópicos:
  • Como os clubes vendem, emprestam, estocam e incineram garotos: ideologia do esporte e suas vítimas.
  • O Negro, segundo o esporte.
  • O espetáculo da violência racial no futebol em dados.
  • Lutas, resistências e intersecções invisíveis.
  • Fanon em campo.

Participantes:

Neilton de Sousa Ferreira Júnior. Doutor em Ciências pela Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo e membro do Grupo de Estudos Olímpicos, também da USP.

Mario L. D. Costa (Aranha). Ex-goleiro de futebol e escritor. Aranha é autor do livro Patrocínio, que conta a história de José do Patrocínio, personalidade fundamental na luta pelo fim da escravidão, e Brasil Tumbeiro, obra infanto-juvenil com a proposta de conscientizar as próximas gerações a respeito da identidade racial.

Soraia André. Judoca Olímpica, psicóloga, escritora. Soraia foi pioneira nos tatames brasileiros, seja pela presença feminina, seja pela cor da sua pele, que na época destoava das japonesas que dominavam a modalidade. Lutou nos Jogos de Seul-1988, quando o judô feminino fez parte da Olimpíada como demonstração.

Marcelo Carvalho. Coordenador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, projeto que acredita no futebol como um importante instrumento de inclusão social e de luta contra a violência e a discriminação racial. Com base nisso, busca usar a força do esporte mais popular do Brasil, para debater, alertar e conscientizar sobre a discriminação racial no futebol brasileiro.

 

Informações e Inscrições:

Onde: Online, com transmissão ao vivo no YouTube do DACOR

Quando: 19 de março (quarta-feira), às 19h30

Quanto: Gratuito

Inscrições: via Sympla