No dia 25 de novembro, acontece a Marcha das Mulheres Negras 2025, e o Instituto DACOR não apenas apoia o movimento, como estará presente em Brasília, participando ativamente e registrando cada momento desse encontro histórico.
Para celebrar e aprofundar esse diálogo tão importante, iniciamos uma série de conteúdos especiais, e o ponto de partida não poderia ser outro: relembrar a poderosa Marcha de 2015.
Há uma década, mais de 100 mil mulheres negras ocuparam a capital federal, colocando no centro do debate temas fundamentais como combate ao racismo, à violência e à desigualdade social. Esse marco histórico segue inspirando lutas e conquistas até os dias atuais.
Acompanhe nossas publicações e junte-se a nós nessa construção de memória, resistência e fortalecimento da luta das mulheres negras no Brasil.
A ideia

A ideia de marchar pelos direitos de mulheres negras e população preta e parda como um todo foi apresentada por Nilma Bentes, ativista do Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (CEDENPA), em 2011, durante o Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes (Afro XXI), realizado em Salvador.
Articulações
Dois anos depois, em 2013, durante o III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), em Brasília, foi lançado o Comitê Impulsor Nacional da Marcha, formado pela Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB), Agentes de Pastoral Negros (APNs), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Quilombolas (Conaq), Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen), Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad), Fórum Nacional de Mulheres Negras (FNMN), Movimento Negro Unificado (MNU) e União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro).
Tema
A Marcha em 2015 trazia à tona o combate ao racismo, à violência e a importância do Bem Viver. O tema do bem viver, ainda em ascenção na época, vem do conceito do ‘buen vivir‘ de povos andinos, enraizado em uma filosofia ancestral, popularizado e institucionalizado no debate político e acadêmico a partir do século XXI.
A sabedoria milenar que herdamos de nossas ancestrais se traduz na concepção do Bem Viver, que funda e constituí as novas concepções de gestão do coletivo e do individual; da natureza, política e da cultura, que estabelecem sentido e valor à nossa existência, calcados na utópica de viver e construir o mundo de todas(os) e para todas(os).
Trecho do manifesto da Marcha de 2015
Outras pautas
Também foi pautado o fim do racismo e do sexismo produzidos nos veículos de comunicação e que promovem a violência física e simbólica contra as mulheres negras; o fim dos critérios e das práticas racistas no mundo do trabalho; o fim das revistas vexatórias nos presídios e das agressões às mulheres negras nas casas de detenção. Além disso, a marcha trouxe o tema do acesso à saúde de qualidade; a titulação das terras quilombolas; o fim do racismo religioso; e a criação de mecanismos que permitam a participação efetiva das mulheres negras na vida pública.
O ato
A marcha foi no dia 18 de novembro, com ponto de partida no Ginásio Nilson Nelson, com percurso até o Congresso Nacional,. Além da marcha, houve oficinas, apresentações musicais e feira de afroempreendedorismo. Houve, ainda, uma audiência com a presidenta Dilma Rousseff, que recebeu um grupo de representantes de diversas organizações e movimentos sociais. Na ocasião, as mulheres entregaram um manifesto que cobrava do Estado Brasileiro, entre outras pautas, medidas emergenciais para reduzir a mortalidade feminina.
