A realidade da mulher negra no Brasil: dados, desafios e conquistas dos últimos cinco anos

A realidade da mulher negra no Brasil é marcada por desigualdades históricas que atravessam saúde, trabalho, educação e política. Mesmo representando 28,5% da população brasileira, esse grupo enfrenta diariamente os efeitos do racismo e do machismo estruturais.

Os números mostram como o racismo estrutural e o machismo se combinam para limitar oportunidades.

Na saúde

A mortalidade materna entre mulheres negras é mais que o dobro da de mulheres brancas. 100,38 mortes por 100 mil nascidos vivos, contra 46,56 entre brancas (Ministério da Saúde 2022). Durante a pandemia, o número subiu para 194,8, enquanto entre brancas foi 121. A falta de acesso precoce ao pré-natal e diagnósticos tardios de câncer agravam a desigualdade.

As mulheres negras têm maior incidência de hipertensão (29,7%) e diabetes (9,7%) do que as brancas (25,4% e 7,2%). Em 2023, quase 1 em cada 5 precisou mudar de hospital para dar à luz, índice superior ao de mulheres brancas (CONASS).

A insegurança alimentar atinge 12,5% das mulheres negras, mais que o dobro das mulheres não negras (5,8%).

Apesar disso, esse grupo liderou a redução da extrema pobreza, contribuindo para a queda nacional de 40% no período (Observatório das Desigualdades 2024).

Na educação

As mulheres negras já são 43,1% das universitárias (PNAD 2019). Mas apenas 14,7% concluem o ensino superior, contra 29% das brancas. As cotas foram fundamentais para ampliar a presença de pretos e pardos nas universidades, que passou de 26% em 2014 para 43% em 2019.

E no cenário trabalhista?

No segundo trimestre de 2024, o desemprego entre mulheres negras foi de 10,1%, mais que o dobro do registrado entre homens não negros (4,6%). Elas ocupam mais empregos informais (43,3%) e recebem em média 46% do rendimento de um homem branco (IBGE/PNAD)

O empreendedorismo negro

Mais de 4,7 milhões de mulheres negras empreendem no Brasil, representando 24% dos empreendedores (Sebrae 2024). Seu poder de consumo chega a R$ 704 bilhões por ano (Locomotiva 2019). Na política, a representatividade dobrou nas eleições de 2022, marcando avanço importante (TSE 2023).

Esses números não são apenas estatísticas. Eles mostram a urgência de políticas públicas antirracistas, de mais acesso à educação, saúde e oportunidades, e de reconhecimento do papel central da mulher negra no desenvolvimento do país.