No dia 25 de Janeiro de 1835, em Salvador, ocorreu o maior levante de escravizados do Brasil: a Revolta dos Malês.
A capital soteropolitana, na época, tinha cerca de 65.500 habitantes. Na junção de toda a população negra, de pessoas livres ou escravizadas, o número chegava a 78%. Dentro desses 78%, 40% eram escravizados e em maioria nascidos em África. Já os brancos representavam 22% da população, segundo os dados do livro “A Revolta dos Malês em 1853”, de João José Reis.
Quem eram os Malês?
Malês eram chamados os africanos de origem muçulmana. O termo vem da palavra “Imalê”, na qual o significado era literalmente “muçulmano” em iorubá. A maioria dos participantes da revolta eram nagôs e haussás, mas outros grupos étnicos também participaram.
O palco da revolta ocorreu em 1835, em Salvador. Ao todo, o movimento possuía oito líderes principais que coordenaram a resistência:
Nicobé, Dassalu, Gustard, Manuel Calafate, Ahuna, Luís Sanim, Elesbão do Carmo ou Dandará anim, Pacífico Licutan
A revolta reuniu cerca de 600 pessoas, e começou com um ataque à prisão da Câmara, onde o líder Pacífico Licutan (Bilal) estava preso devido às dívidas de seu senhor. Apesar da organização e coragem dos revoltosos, que enfrentaram batalhas em locais como o Forte de São Pedro, Terreiro de Jesus e Cidade Baixa, o movimento foi reprimido.
Por que no dia 25 de janeiro?
Um dos dias escolhidos para o levante, 25 de janeiro de 1835, se deve a uma data sagrada do calendário islãmico, “Lailat Al-Qadr”, que pode ser traduzida como “Noite da Glória”. A revolta, apesar de sufocada em poucos dias, deixou um legado de luta e coragem que ecoa até hoje.
DACOR INDICA
Conhecer a história da Revolta dos Malês é celebrar a força e a resistência negra no Brasil. Livros como: “Rebelião Escrava no Brasil: A História do Levante dos Malês em 1835″, de João José Reis, oferecem uma maior profundidade nos objetivos específicos que os líderes do movimento possuíram na época. A obra “Um defeito de Cor”, de Ana Maria Goncalves, também aborda a época e a organização do movimento.
