Você sabia que pessoas negras, indígenas e periféricas são as mais impactadas por desastres ambientais no Brasil?
As áreas mais afetadas por incêndios, desmatamento e alagamentos costumam estar localizadas em territórios de populações vulneráveis, majoritariamente negras e/ou indígenas.
De acordo com dados do IBGE, mais de 13 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco, e a maior parte dessas pessoas é negra e de baixa renda. Esses números revelam algo importante: a crise ambiental no Brasil não é apenas uma questão climática, mas também um problema estrutural, que reflete desigualdades históricas e sociais.
Falar sobre meio ambiente, portanto, é também falar sobre justiça racial e ambiental. É reconhecer que enfrentar os impactos das mudanças climáticas exige políticas públicas que garantam proteção, reparação e equidade para todas as pessoas, especialmente aquelas que há séculos sofrem com a exclusão e o descaso.
O racismo ambiental
O racismo ambiental está presente quando populações negras, indígenas e periféricas são as mais expostas à poluição, à falta de saneamento e aos desastres climáticos. Nos últimos cinco anos, os dados mostram que o problema não só persiste, ele se aprofunda.
Saneamento e desigualdade racial
Segundo o IBGE, em 2022, 62,5% da população brasileira tinha acesso à rede de esgoto ou fossa séptica adequada.
Também informa que pretos, pardos e indígenas têm menor acesso a saneamento adequado em comparação a brancos e amarelos.
Exemplo: 83,5% das pessoas brancas têm esgotamento sanitário considerado adequado, vs 75% das pretas, 68,9% das pardas e 29,9% dos indígenas.
Territórios quilombolas
Nos territórios quilombolas oficialmente reconhecidos, 90% das famílias vivem com alguma precariedade no saneamento básico. Em muitos casos, o acesso à água tratada é intermitente ou inexistente.
Indígenas
Mais de 1,1 milhão de indígenas vivem com pelo menos uma forma de precariedade de saneamento. Em terras indígenas, esse percentual salta para 95,6 %, expondo abandono histórico e ambiental.
Calor extremo e vulnerabilidade
As ondas de calor dos últimos anos escancaram mais uma face da desigualdade climática. Estudos da Fiocruz mostram que pessoas negras são as mais afetadas por temperaturas extremas, pois vivem em áreas com menos árvores, menos ventilação e infraestrutura urbana precária. O calor, somado à falta de saneamento e moradia adequada, amplia riscos à saúde e à mortalidade.
Índice de Racismo Ambiental (IRA)
Estudo do DACOR em parceria com a Universidade Estadual Paulista (UNESP), que criou o Índice de Racismo Ambiental (IRA). O estudo mapeou 5 (cinco) regiões metropolitanas brasileiras sobre as condições de moradia e saneamento de pessoas pretas, pardas e indígenas.
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