Mesmo sendo maioria no país, a população negra ainda enfrenta desigualdades profundas no acesso ao mercado de trabalho, à renda e aos espaços de lazer e cultura. Os números mostram que, apesar de avanços pontuais, a distância entre brancos e negros permanece expressiva.
A desigualdade permanece expressiva
De acordo com dados do CEDRA 2025, entre 2012 e 2023, pessoas negras receberam, em média, apenas 58,3% da renda das pessoas brancas.
Em 2023, o cenário pouco mudou: o salário médio da população negra era de R$ 2.200, enquanto o de pessoas brancas chegava a R$ 3.700. Uma diferença que escancara o racismo estrutural presente nas oportunidades e nas remunerações.
Mulheres negras avançaram pouco:
As mulheres negras, que enfrentam simultaneamente o racismo e o machismo, seguem com poucas oportunidades de ascensão. Entre 2012 e 2023, sua presença em cargos de gestão no setor corporativo cresceu apenas 1,3 ponto percentual.
Enquanto isso, homens brancos continuam no topo: em 2023, ainda eram quatro vezes mais empregadores do que mulheres negras. Esse dado reflete o quanto o mercado ainda privilegia determinados perfis e exclui outros — especialmente quando se trata de lideranças e empreendedorismo.
No lazer, barreiras visíveis e invisíveis ainda limitam o acesso de pessoas negras
As desigualdades também se refletem fora do ambiente de trabalho. No lazer e na cultura, pessoas negras continuam enfrentando barreiras visíveis e invisíveis. Custos altos, transporte precário, insegurança, preconceito e a ausência de políticas públicas tornam o acesso a teatros, cinemas e centros culturais ainda restrito.
Mesmo sendo grandes consumidoras e produtoras da cultura popular brasileira, pessoas negras têm menos oportunidades de frequentar e ocupar espaços formais de cultura. Essa exclusão não é apenas simbólica, ela reforça as desigualdades econômicas e sociais já existentes.
Equidade é também acesso ao lazer
Promover equidade no trabalho e na renda não significa apenas corrigir salários. Significa garantir que todas as pessoas tenham acesso a experiências que ampliem sua qualidade de vida — inclusive o lazer e a cultura.
Uma sociedade verdadeiramente justa é aquela que reconhece, valoriza e oferece condições reais para que todas as pessoas, especialmente as historicamente marginalizadas, possam viver plenamente.