Francisco José do Nascimento, conhecido como Chico da Matilde e, mais tarde, como Dragão do Mar, foi um jangadeiro e prático-mor do porto de Fortaleza que se tornou símbolo da luta contra a escravidão no Brasil. Sua coragem e determinação transformaram um homem comum em um verdadeiro herói da história brasileira.

O grito de liberdade que veio do mar
Em 1881, a palavra “Liberdade” não era apenas um ideal no Ceará. Era o nome da jangada de Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde. Filho de uma pescadora, liderou um dos maiores atos de coragem da história do Brasil e se tornou uma lenda: o Dragão do Mar.
Nascido em 1839 em Canoa Quebrada, Chico da Matilde, apelido vindo do nome da mãe, teve uma vida ligada ao mar. Foi pescador, condutor de bote e prático da Capitania dos Portos. Aprendeu a ler aos 20 anos e usou sua liderança para lutar por justiça.
A greve que parou o porto
“No porto do Ceará não se embarcam mais escravos!” Com essa frase, o Dragão do Mar liderou a greve dos jangadeiros em Fortaleza nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881. A coragem dele e de seus companheiros paralisou o tráfico de escravizados, mostrando a força da resistência popular nordestina.
Liderar esse movimento já seria muito importante. Mas Chico foi além: junto com o negro liberto José Luís Napoleão, seu grande amigo, ele ajudou na fuga de escravizados e juntou dinheiro para comprar a liberdade de muitos outros.
A jangada

Como símbolo da vitória abolicionista no Ceará, a jangada “Liberdade” foi levada de navio para o Rio de Janeiro, a capital do Império. Lá, foi exibida nas ruas e aplaudida pela multidão, representando a força e a determinação do povo cearense na luta contra a escravidão.
Após ser celebrada, a jangada “Liberdade” foi doada ao Museu Nacional e depois transferida para o Museu da Marinha. Infelizmente, seu destino é um mistério. Relatos indicam que ela pode ter sido queimada ou desmontada, desaparecendo da história.
Legado
Dragão do Mar morreu em 5 de março de 1914 e foi enterrado no Cemitério São José Batista, em Fortaleza. O túmulo do abolicionista, porém, só foi localizado em novembro de 2020, após 106 anos da sua morte.
Por sua luta contra a escravidão, Francisco José do Nascimento foi nomeado Herói da Pátria em 18 de julho de 2017.